A Reforma Protestante, iniciada no século XVI por figuras como Martinho Lutero, João Calvino e outros reformadores, marcou uma das maiores transformações religiosas da história. Esse movimento desafiou a autoridade da Igreja Católica e buscou mudanças profundas na teologia.
Em resposta, a Igreja Católica iniciou a Contrarreforma, um movimento destinado a reafirmar sua doutrina e combater o avanço do Protestantismo.
Neste artigo, exploraremos um resumo da Reforma e da Contrarreforma, mostrando como esses movimentos moldaram a prática religiosa até os dias de hoje.
Contexto pré-reforma protestante
Para ampliar o entendimento tanto da Reforma Protestante como da Contrarreforma, é importante compreender o contexto religioso, histórico e cultural em que ela ocorreu.
Contexto religioso: o poder da Igreja Católica
Antes do século XVI, nos anos que antecederam a Reforma Protestante, a Igreja Católica possuía vasta influência – quase que inquestionável – no âmbito espiritual, político e econômico na Europa. Ao mesmo tempo que o Estado era tido como uma instituição cristã que tinha a finalidade de sustentar, defender e espalhar a fé.
Alguns dos principais poderes da Igreja Católica nessa época incluíam:
- Autoridade espiritual absoluta: O papa era visto como o líder religioso supremo. Sendo assim, a Igreja Católica era considerada autoridade máxima nas questões religiosas.
- Monopólio da interpretação da Bíblia: Pelo fato da Bíblia ser escrita em latim, não permitia que os leigos tivessem contato direto com os textos sagrados. A Igreja controlava a interpretação das Escrituras.
- Tribunais da Inquisição: A Igreja mantinha para si o poder de julgar heresias por meio da Inquisição, punindo aqueles que questionassem sua autoridade.
- Controle das indulgências: A Igreja tinha o poder de conceder o perdão dos pecados, ou seja, as indulgências. Esse domínio foi explorado por meio da venda de indulgências.
- Poder político e jurídico: A Igreja Católica tinha o poder de interferir nas decisões políticas e na nomeação de autoridades. A excomunhão era um meio poderoso para controlar todo aquele que se opunha à Igreja.
- Riqueza e propriedades: Por ser proprietária de muitas terras na Europa, a Igreja tinha um enorme controle econômico e poder de arrecadação de impostos, dízimos, doações e heranças de fieis e nobres.
Contexto histórico: nações europeias se organizam
Ao final da Idade Média, nações europeias começaram a surgir e se fortalecer e, com elas, seus próprios meios de governo, o que representou uma ameaça à autoridade da Igreja Católica.
Segundo Alderi Matos, teólogo e doutor em História da Igreja, os seguintes fatos foram decisivos para a formação dos Estados-nações:
Na Inglaterra, o parlamento reuniu-se pela primeira vez em 1295. O rei Eduardo I limitou o poder dos nobres e enfrentou o papa na questão da cobrança de taxas por parte da igreja.
Em 1273, na Alemanha (Sacro Império Romano), Rudolf von Hapsburg foi eleito imperador. Em 1356, um documento conhecido como Bula de Ouro determinou que cada novo imperador seria escolhido por sete eleitores, sendo quatro nobres e três arcebispos. Logo, houve a descentralização política, pois o poder do imperador passou a ser limitado, aumentando a tensão entre a igreja e o estado.
Já na França, o rei Filipe IV (1285-1314) fortaleceu a monarquia ao diminuir o poder da Igreja e dos papas ao confrontar o papa Bonifácio VIII (1294-1303). Assim, a França começou a se tornar o primeiro estado nacional moderno.

Contexto cultural: o impacto do Renascimento
O período em que aconteceu a Reforma Protestante também foi marcado pelo Renascimento, que ocorreu entre os séculos XIV e XVI, principalmente na Itália. Foi uma época de transição da Idade Média para a Idade Moderna.
Foi um movimento que valorizava e estimulava o pensamento crítico, questionamentos e redescobertas que ultrapassaram o âmbito artístico e científico, chegando até a Igreja.
Apesar de não negarem a importância da religião, os renascentistas passaram a indagar sobre o cristianismo praticado pela Igreja Católica ao contestar suas tradições, práticas e rituais.
Com o avanço das ideias humanistas, outros líderes e autoridades, tanto políticas como religiosas, ganharam força no enfrentamento à igreja Católica, que começou a perder a sua soberania.
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A crise na Igreja Católica Romana
Com o fortalecimento da autoridade das nações europeias e as duras críticas à Igreja Católica, iniciou-se um período de crescente desmoralização do papado e de conflitos eclesiásticos.
Foi quando ocorreu o “Grande Cisma” (1378 a 1417), em que três papas consideravam a si mesmo como o único legítimo papa. Em razão da divergência, houve a necessidade de um concílio para eleger um único papa.
O Concílio de Pisa (1409) elegeu um novo papa, mas os outros dois recusaram-se a aceitar. Então, João XXIII, o segundo papa de Pisa, convocou o Concílio de Constança (1414-1417), onde:
- Martinho V foi eleito o único papa;
- Ficou definido que as decisões do concílio eram superiores à igreja;
- Três pré-reformadores foram punidos (João Wycliff, João Hus e Jerônimo de Praga).
Por que a Reforma Protestante ocorreu? Um breve resumo
Diante de tanta divergência dentro da Igreja Católica, reformadores se levantaram e continuaram a percorrer o caminho, antes aberto pelos pré-reformadores, para trazer a Igreja de volta aos fieis moldes das Escrituras.
Em 1517, ao pregar suas 95 teses no Castelo de Wittenberg, na Alemanha, Martinho Lutero desafiou as autoridades eclesiásticas ao questionar seus dogmas. Um fato histórico que inicia a Reforma Protestante.
A intenção não era dividir ainda mais a Igreja, pelo contrário, os reformadores pretendiam corrigir práticas consideradas corruptas e promover uma volta às raízes reais do cristianismo.
Os principais objetivos eram:
- Critica à venda de indulgências: Muitos reformadores se opuseram à prática da venda de indulgências como forma de alcançar e garantir a salvação.
- Salvação pela fé: A ênfase na salvação pela fé foi um princípio central. Os reformadores defendiam a verdade bíblica de que a salvação vem de Deus por meio de Jesus Cristo e não por obras ou rituais da Igreja.
- Reforma moral e espiritual: Havia um desejo de restaurar a moralidade e a espiritualidade dentro da Igreja, combatendo a corrupção e a hipocrisia.
- Retorno à autoridade das escrituras: Os reformadores defendiam que a Bíblia deveria ser a única a regra de fé e prática da Igreja, estando acima da tradição religiosa e do papa.
- Acesso à Bíblia: Os reformadores também defendiam o acesso à Bíblia por parte de todas as pessoas e não apenas pela igreja. Eles buscaram traduzi-la para as línguas vernaculares, para que mais pessoas pudessem ler e interpretar os textos sagrados.
A ênfase na salvação pela fé, a centralidade das Escrituras e a crítica à venda de indulgências foram pilares desse processo, todavia, acabou fragmentando a unidade cristã na Europa.

Por que aconteceu a Contrarreforma
Mediante a resistência da Igreja Católica Romana em acatar as ideias da Reforma Protestante, houve a perda de muitos seguidores e a criação de novas denominações.
Como resposta a essa crise, surge a Contrarreforma, também conhecida como a Reforma Católica, um movimento que visava reafirmar a doutrina católica e alterar certas práticas para conter a expansão do Protestantismo.
Um dos eventos centrais da Contrarreforma foi o Concílio de Trento (1545-1563). Convocado pelo Papa Paulo III, o concílio abordou questões doutrinárias e administrativas da Igreja Católica, como:
- A reafirmação da doutrina da salvação pela fé e pelas obras (sacramentos).
- A confirmação da autoridade da tradição da Igreja, juntamente com a Escritura.
- A reforma dos abusos dentro da Igreja, como a venda de indulgências e a corrupção clerical.
- A necessidade de um clero mais bem preparado e educado.
Outro fato importante para a Contrarreforma foi a Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola em 1534. Os jesuítas se dedicaram à educação, à evangelização e à defesa da doutrina católica, fundando escolas e universidades, o que contribuiu para a formação de uma nova geração de líderes católicos.
A Contrarreforma ajudou a consolidar a Igreja Católica em muitos lugares, especialmente em países como Itália, Espanha e Portugal, onde conseguiu reter a maioria de seus fieis. Já em outros lugares, como em partes da Alemanha, Escócia e Suíça, o Protestantismo continuou a se espalhar, levando à diversidade religiosa que caracteriza a Europa até hoje.
Legado da Reforma e da Contrarreforma
Enquanto a Reforma Protestante trouxe uma nova interpretação da fé cristã, questionando a autoridade papal e promovendo o acesso direto às Escrituras, a Contrarreforma representou a reação da Igreja Católica.
A Reforma Protestante e a Contrarreforma foram momentos decisivos na história do cristianismo da Europa e, por conseguinte, em todo o mundo, marcando uma profunda transformação religiosa, política e cultural.
Ambos os movimentos tiveram um impacto duradouro, moldaram a identidade da Igreja e as relações entre católicos e protestantes até os dias de hoje.
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